Situada entre os bairros do Alecrim, Cidade Alta e Ribeira, espremida entre o Rio Potengi e a linha do trem, a comunidade do Passo da Pátria foi, durante o final do século 19 e início do século 20, o principal porto e porta de entrada do comércio de Natal.
Hoje, a cidade que dá as costas para o Rio Potengi, não faz diferente com as comunidades ribeirinhas, incluindo a maior delas, o Passo da Pátria. A comunidade sofre com pobreza e criminalidade. Mas guarda também histórias que vão muito além daquelas publicadas nas páginas policiais.
Muitas dessas histórias, do cotidiano, da riqueza humana, da geografia peculiar e das belezas naturais do local são reveladas no mais novo filme potiguar “Passo da Pátria – Porto de destinos”, documentário de 70 minutos dirigido por Alex Régis e Paulo Dumaresq.
Fotógrafo do jornal Tribuna do Norte há mais de uma década, Alex Régis visitou o Passo da Pátria várias vezes para fazer matérias, quase sempre, com enfoques negativos, de histórias tristes, de crimes, de problemas.
Certo dia, a pauta era produzir a capa de um caderno especial. A ideia era capturar uma bela imagem de pesca. Alex encontrou na região o local perfeito, com cenário composto por barcos, pôr do sol refletido no Potengi. Depois da foto, uma conversa com um dos pescadores despertou sua atenção. “Ele falava do Passo com um orgulho, um brilho no olhar que me despertou o interesse em pesquisar a história da comunidade”, diz o fotógrafo, contando como surgiu a ideia do documentário.
Alex Régis saiu de lá com a foto que lhe daria o prêmio BNB de Jornalismo e também com uma visão menos preconceituosa. “Eles sofrem discriminação. Quem passa ali na Avenida do Contorno e olha pra comunidade, tem medo”, diz.
Com o tema definido e uma prévia ideia de que linha seguir, convidou o jornalista e dramaturgo Paulo Jorge Dumaresq para escrever o roteiro e o ajudar na direção. Os dois já haviam trabalhado juntos no curta de ficção “Incontinências” (2014).
Da pré-produção à finalização, o documentário levou um ano para ser feito. A produção foi de forma independente, 100% com recursos próprios e com a colaboração de amigos.
No filme a história do Passo da Pátria é contada a partir da boca de seus moradores. Mas não apenas isso. O ator carioca Ruyter interpreta Luís da Câmara Cascudo recitando seus escritos sobre os tempos áureos do Passo, extraídos do livro História da Cidade do Natal.
A trilha sonora é toda potiguar e composta especialmente para o filme, com direção musical de Adriano Azambuja.
Assista o trailer a baixo.
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